Voltamos a falar sobre Resumo.
Existem inúmeros textos que podem acrescentar valores em nossas vidas.Vamos ler e resumir mais um.
O menino do morro do Livramento
No ano de 1839, a cidade do Rio de Janeiro, atrasada e insalubre, tinha uma população de cerca de 300 mil pessoas, grande parte das quais escravos, constantemente aumentadas pelo tráfico clandestino, proibido e reprimido apenas “para inglês ver”, como se dizia na época. As belezas naturais que a cidade ostentava não dissimulavam suas deficiências, entre as quais sobressaiam a falta de higiene e a precariedade dos transportes. Aguas servidas eram atiradas em plena rua, escorrendo ao pé das calçadas para valas a céu aberto. Em toda a parte central da cidade havia apenas quatro canais de esgotos, dois levando diretamente ao mar e dois aos mangues. Não havia sequer fossas sanitárias no centro urbano e grande parte dos despejos domiciliares era recolhida em cubas de madeira, levadas em carroças para as praias, ou mesmo a cabeça, por escravos. Eram estes os chamados “tigres”, de que todos fugiam, apavorados, não só por causa do cheiro nauseante como pelo temor de um acidente, um tropeço ou esbarrão, o que não raro salpicava de fezes as ruas e os próprios transeuntes.
Os ricos ou abastados tinham a seu serviço números escravos, a quem eram reservadas as mais duras e repugnantes corveias. E não eram poucos os que os alugavam a terceiros, parasitando o trabalho dos pobres negros e negras, que, além de ganharem o seu próprio sustento, tinham ainda de ganhar o de seus ociosos donos, regalados em imerecido conforto. A iluminação da cidade era ainda muito precária, só de longe em longe bruxuleando nas ruas e praças a luz embaçada dos lampiões a azeite. Eram difíceis as comunicações, assegurados apenas por gôndolas ou ônibus, de tração animal, e por barcas que saiam da Prainha (atual praça Mauá) para São Cristóvão e para o Caju. Era esse o sistema de transporte de Machado de Assis conheceu na infância, como ele mesmo lembraria numa crônica, na ultima década dos séculos XIX: “Tínhamos diligências e ônibus; mas eram poucos os lugares, creio que oito ou dez, e poucas viagens. Um dos lugares era eliminado para o publico. La nele o “recebedor”, um homem encarregado de receber o preço das passagens e abrir a portinhola para dar entrada ou saída aos passageiros. Um cordel, vindo pelo tejadilho, punha em comunicação o cocheiro e o recebedor; esta puxava, aquele parava ou andava. Mais tarde, o cocheiro acumulou os dois ofícios. Os veículos eram fechados, como os primeiros bondes, antes que toda a gente preferisse os dos fumantes, e inteiramente os desterrasse. – Já passou a diligencia? Lá vem o ônibus! Tais eram os dizeres de outro tempo”. E isso se prolongaria por quase trinta anos, ate serem inaugurados os primeiros bondes de tração animal. Noutro escrito, lembraria o que era a cidade, quando ele tinha 14 anos: “A vida fluminense era então outra, mais concentrada, menos ruidosa. O mundo ainda não nos falava todos os dias pelo telegrafo, nem a Europa nos mandava duas e três vezes por semana, as braçadas, os seus jornais. A chácara de 1853 não estava, como hoje, contigua a Rua do Ouvidor por muitas linhas de tramways, mas em arrabaldes verdadeiramente remotos, ligados ao centro por tardos ônibus e carruagens particulares ou publicas. Naturalmente a nossa principal rua (a Rua do Ouvidor) era muito menos percorrida. Poucos eram os teatros, casas fechadas, onde os espectadores iam tranquilamente assistir a drama e comedias, que perderam o viço com o tempo. A animação da cidade era menor e de diferente caráter”.
O sarampo, a varíola, a cólera –morbo, a peste bulbônica faziam de tempos em tempos investidas devastadoras contra a população. Além disso havia ainda doenças que grassavam de forma constante, como a tuberculose e outros. Tais eram as condições reinantes que a media geral devida eram das mais baixas e a mortalidade infantil excessivamente alta. Resistir a tantos perigos e chegar a velhice – então entendida a partir dos 50 anos - era por si só uma vitória. Só os fortes conseguiam esquivar-se as insidiosas armadilhas em que iam caindo os menos aptos a sobrevivência. E um daqueles foi o menino que nasceu no morro do Livramento a 21 de junho de 1839, quando o Período Regencial – intervalo de quase um decênio entre o Primeiro e o Segundo Reinado do Império fundado 17 anos antes – iniciava seu nono e ultimo ano de duração.
(R.Magalhães Júnior. Vida e obra de Machado de Assis, v.1: aprendizado. Rio de Janeiro: Record, 2008. P 11-13.)
Vista do Morro do Livramento
Para encerrar nosso tema, vamos fazer o resumo de um conto já trabalhado: "O homem que sabia javanês" de Lima Barreto.
Lembrando que o texto deve:
- Apresentar o ponto de vista do autor.
- Escreva com suas próprias palavras, sem copiar.
Finalizando: Realizar atividades adicionais, pagina 303, questões de 34 a 43.

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